11.8.3 - MEDINDO-SE AS CORRENTES DE ORIGEM BIOLÓGICAS

Em 1906, o fisiologista holandês, Willem Einthoven inventou um método capaz de registrar tênues tensões que ocorrem em diferentes partes do corpo humano por meio de um galvanômetro de fio. Por estas suas pesquisas Einthoven recebeu o prêmio Nobel de medicina e fisiologia em 1924. Para se obter maior precisão o galvanômetro de fio foi logo substituído por um aparelho mais sensível, o galvanômetro de quadro de forma
Fig. 352 ilustração do novo campo da ciência médica, a eletro medicina.

que as tensões do músculo cardíaco gerado na superfície da pele podiam agora ser medidas e plotadas em gráficos originando um gráfico, o chamado “cardiograma” de forma a se ter uma impressão do seu funcionamento. Surgia assim a eletrocardiografia. O eletrocardiógrafo tornou-se uma ferramenta indispensável na prevenção e tratamento do infarto do miocárdio posto que a avaliação elétrica do músculo cardíaco foi rapidamente aprimorada com advento do vectocardiograma. Uma técnica na qual se emprega um osciloscópio para indicar panoramicamente as diversas tensões geradas, permitindo que o médico pudesse agora avaliar a correlação existente entre elas.
A técnica desenvolvida por Einthoven foi logo empregada para medir as extremamente baixas tensões, cerca de 30 microvolt, geradas pelo cérebro na superfície do crânio. Assim, através da encéfalografia, os médicos podiam estudar o funcionamento do cérebro tornando-se um processo de grande aplicação para a neurologia. Com a evolução da amplificação eletrônica, além do cardiograma e do encefalograma, no início da década de 1950, médico dispunha de outras técnicas para avaliação e estudo do comportamento da máquina humana. Assim, a fotocélulas usada em colorímetros, permitia análises bioquímicas do sangue com dosagens precisas de componentes como a hemoglobina, creatinina, ácido úrico etc. Fig. 352
Os clássicos métodos de auscultação e toque cedem lugar para avançados métodos eletrônicos de diagnósticos e terapêuticos como diatermia, miografia, ultra-sonografia, etc, tabela 4, além de meios de monitorização hospitalar do paciente cujos parâmetros clínicos são controlados por um complexo processamento de dados através do computador.

TABELA 4
ILUSTRAÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE CORRENTES USADAS PARA FINS ELETRO TERAPEUTICOS NO FINAL DA DÉCADA DE 1940.
TIPO DE CORRENTE
TIPO DE ONDA
OBSERVAÇÕES
GALVÂNICA Corrente galvânica até 75 V, 20 mA ,CC obtida através de baterias ou fontes de alimentação retificadas por válvulas ou retificadores de selênio. Usada no tratamento de inflamações dolorosas, iontoforêse
GALVÂNICA
PULSANTE
Idêntica a anterior cujos pulsos são criados dispositivos eletrônicos ou eletromecânicos como por exemplo tipos de relês. Aplicações semelhantes a anterior.
SURTO GALVÂNICO Corrente galvânica CC cuja amplitude é variada periodicamente por válvulas tipo Thyratron, resistores variáveis acionados por motores ou certos tipos de válvulas.
FARÁDICA Semelhante a corrente galvânica pulsante, porém operando em alta freqüência 1000-2000 Hz com amplitude de 75 V, Max. de 1 mA.Produzida por geradores farádicos ou bobinas conhecidas como inductorium.Usada na estimulação de músculos pós-traumatismos.
SINUSOIDAL LENTA Corrente galvânica de baixa freqüência 5-30Hz produzida por geradores eletromecânicos ou geradores operando com válvulas Thyratron. Usada na estimulação de músculos pós-traumatismos.
SURTO ALTERNADO
MODULADO
Corrente alternada cuja freqüência de 60 Hz é modulada por um interruptor termicamente acionado ou gerador acionado por motor. Usada em terapia de eletro-choque .
ONDA ESTÁTICA Produzidas por geradores eletrostáticos rotativos de alta tensão põem com correntes menores que 1mA. Difícil emprego devido complexidade do aparelho