11.5.1 - A GÊNESE DAS TRANSMISSÕES EM FAC-SÍMILE
A primeiras tentativas para envio de mensagens escritas, desenhos e gravuras usando simples linhas telegráficas foi feita pelo escocês Alexander Bain, em 1842.
Entretanto, este sistema de transmissão de imagens foi logo suplantado pelo código Morse, bem mais simples, surgido um ano mais tarde.
Basicamente o sistema de transmissão de imagens desenvolvido por Bain usava do principio da varredura por pêndulo. Assim, no transmissor o pêndulo oscilava sobre uma replica metálica da mensagem cujas oscilações devido aos caracteres eram convertidas na formas de sinais elétricos agora transmitidas para o receptor por meio de uma linha telegráfica. Este por sua vez dispunha de um outro pêndulo provido com uma ponta na forma de um estilete ou mecha que deslizava sobre uma folha de papel imerso numa solução de Iodeto de Potássio, que era sensibilizada em função do sinal elétrico recebido, imprimindo assim a mensagem.
Fig. 320 - O fotofone inventado por Bell.
Um outro sistema foi desenvolvido em 1848 pelo inglês Frederick Bakewell usando agora um cilindro rotativo e um dispositivo de varredura. Apesar dos problemas de sincronização, o aparelho de Bakewell era capaz de transmitir por meio de linhas telegráficas mensagens subscritas como desenhos em caracteres simples.
Em 1850, Giovanni Caselli desenvolve um sistema bem mais elaborado que aquele originalmente inventado por Bain, denominado de Pantelégrafo (Pan= todo do grego + telégrafo), ou seja, uma acrossemia para um telégrafo capaz de transmitir todo o tipo de informação disponível.
Como visto a história da ciência e da tecnologia é cheia de aspectos peculiares que se inter-relacionam numa época futura influindo de uma forma indireta em outros descobrimentos. Assim, Em 1873, Willoughby Smith, um eletricista trabalhando na manutenção de linhas telegráficas para uma companhia inglesa procurava por um material que apesar de ter alta resistividade elétrica não deveria ser um isolador completo. Após ter usado vários tipos de materiais finalmente fez experiências com barras de Selênio cristalino a qual tinha um comportamento peculiar relativo a inconstância na sua resistência. Analisando cuidadosamente este fenômeno, Smith constatou que a resistência do Selênio variava em função da quantidade de luz que incidia sobre o mesmo descobrindo acidentalmente a fotosensibilidade deste elemento.
Mais tarde este fenômeno fotoelétrico seria usado por Alexander Graham Bell, o mesmo inventor do telefone, em desenvolver um aparelho para transmissão de sons sem fio o chamado “Fotofone”. Fig 320
Na realidade o “Fotofone” era um telefone sem fio que em sua concepção básica consistia no transmissor, de um bocal conectado a um pequeno espelho, sobre o qual era projetado um feixe luminoso de grande intensidade. As vibrações dos sons produzidos no bocal incidiam sobre o espelho de forma que a direção do feixe luminoso refletido variava levemente. No receptor, um espelho parabólico coletava o feixe luminoso transmitido que por sua vez era focalizado sobre uma célula foto sensitiva de Selênio. À medida que a luz recebida variava em intensidade devido às vibrações do espelho transmissor, conseqüentemente alterava a resistência elétrica da célula foto sensitiva. Esta por sua vez estava inserida em um circuito composto de uma bateria e um conjunto de telefone convencional que convertia as variações de corrente em sinais sonoros. Apesar de ter um bom desempenho, o Fotofone podia ser usado apenas para transmissões de sinais a curta distância. Baseado no “Fotofone” de Bell, em 1870, um cientista britânico Shelford Bidwell inventa um outro aparelho, denominado de Telefotógrafo capaz de transmitir detalhes de uma fotografia. Na realidade este foi o primeiro aparelho com real possibilidade para transmissão de fotografias. Entretanto, ainda havia vários aspectos para serem resolvidos para um sistema de transmissão de imagens comercialmente factível.
No final do século XIX, o inventor australiano Henry Sutton, desenvolve um processo relativamente simples de transmitir fotografias usando de placas fotográficas impressas semelhante àqueles usados respectivamente por Bain e Caselli, com a diferença de que no lugar do papel impregnado com solução de Iodeto de Potássio, o sistema criava uma placa de impressão no receptor.
Aparentemente, até o final do século XIX tanto a evolução da televisão como do fac-símile andaram juntas pois foram basicamente oriundas da descoberta da fotosensibilidade do Selênio. Entretanto, é interessante notar que com o desenrolar da tecnologia surge uma divergência entre os conceitos de transmissão da imagem da televisão em relação ao fac-símile. Assim, enquanto na primeira a transmissão era de imagens em movimento, que apesar de baixa resolução exigia métodos de conexão de alta capacidade, no fac-símile, as imagens transmitidas tinham que ser de alta resolução feita através de linhas telegráficas ou telefônicas convencionais.