A primeiras tentativas para envio de mensagens
escritas, desenhos e gravuras usando simples linhas telegráficas
foi feita pelo escocês Alexander Bain, em 1842.
Entretanto, este sistema de transmissão de imagens foi logo
suplantado pelo código Morse, bem mais simples, surgido um
ano mais tarde.
Basicamente o sistema de transmissão de imagens desenvolvido
por Bain usava do principio da varredura por pêndulo. Assim,
no transmissor o pêndulo oscilava sobre uma replica metálica
da mensagem cujas oscilações devido aos caracteres eram
convertidas na formas de sinais elétricos agora transmitidas
para o receptor por meio de uma linha telegráfica. Este por
sua vez dispunha de um outro pêndulo provido com uma ponta na
forma de um estilete ou mecha que deslizava sobre uma folha de papel
imerso numa solução de Iodeto de Potássio, que
era sensibilizada em função do sinal elétrico
recebido, imprimindo assim a mensagem.
|
Fig. 320 - O fotofone inventado por Bell. |
Um outro sistema foi desenvolvido em 1848 pelo inglês Frederick
Bakewell usando agora um cilindro rotativo e um dispositivo de varredura.
Apesar dos problemas de sincronização, o aparelho de
Bakewell era capaz de transmitir por meio de linhas telegráficas
mensagens subscritas como desenhos em caracteres simples.
Em 1850, Giovanni Caselli desenvolve um sistema bem mais elaborado
que aquele originalmente inventado por Bain, denominado de Pantelégrafo
(Pan= todo do grego + telégrafo), ou seja, uma acrossemia para
um telégrafo capaz de transmitir todo o tipo de informação
disponível.
Como visto a história da ciência e da tecnologia é
cheia de aspectos peculiares que se inter-relacionam numa época
futura influindo de uma forma indireta em outros descobrimentos. Assim,
Em 1873, Willoughby Smith, um eletricista trabalhando na manutenção
de linhas telegráficas para uma companhia inglesa procurava
por um material que apesar de ter alta resistividade elétrica
não deveria ser um isolador completo. Após ter usado
vários tipos de materiais finalmente fez experiências
com barras de Selênio cristalino a qual tinha um comportamento
peculiar relativo a inconstância na sua resistência. Analisando
cuidadosamente este fenômeno, Smith constatou que a resistência
do Selênio variava em função da quantidade de
luz que incidia sobre o mesmo descobrindo acidentalmente a fotosensibilidade
deste elemento.
Mais tarde este fenômeno fotoelétrico seria usado por
Alexander Graham Bell, o mesmo inventor do telefone, em desenvolver
um aparelho para transmissão de sons sem fio o chamado “Fotofone”.
Fig 320
Na realidade o “Fotofone” era um telefone sem fio que
em sua concepção básica consistia no transmissor,
de um bocal conectado a um pequeno espelho, sobre o qual era projetado
um feixe luminoso de grande intensidade. As vibrações
dos sons produzidos no bocal incidiam sobre o espelho de forma que
a direção do feixe luminoso refletido variava levemente.
No receptor, um espelho parabólico coletava o feixe luminoso
transmitido que por sua vez era focalizado sobre uma célula
foto sensitiva de Selênio. À medida que a luz recebida
variava em intensidade devido às vibrações do
espelho transmissor, conseqüentemente alterava a resistência
elétrica da célula foto sensitiva. Esta por sua vez
estava inserida em um circuito composto de uma bateria e um conjunto
de telefone convencional que convertia as variações
de corrente em sinais sonoros. Apesar de ter um bom desempenho, o
Fotofone podia ser usado apenas para transmissões de sinais
a curta distância. Baseado no “Fotofone” de Bell,
em 1870, um cientista britânico Shelford Bidwell inventa um
outro aparelho, denominado de Telefotógrafo capaz de transmitir
detalhes de uma fotografia. Na realidade este foi o primeiro aparelho
com real possibilidade para transmissão de fotografias. Entretanto,
ainda havia vários aspectos para serem resolvidos para um sistema
de transmissão de imagens comercialmente factível.
No final do século XIX, o inventor australiano Henry Sutton,
desenvolve um processo relativamente simples de transmitir fotografias
usando de placas fotográficas impressas semelhante àqueles
usados respectivamente por Bain e Caselli, com a diferença
de que no lugar do papel impregnado com solução de Iodeto
de Potássio, o sistema criava uma placa de impressão
no receptor.
Aparentemente, até o final do século XIX tanto a evolução
da televisão como do fac-símile andaram juntas pois
foram basicamente oriundas da descoberta da fotosensibilidade do Selênio.
Entretanto, é interessante notar que com o desenrolar da tecnologia
surge uma divergência entre os conceitos de transmissão
da imagem da televisão em relação ao fac-símile.
Assim, enquanto na primeira a transmissão era de imagens em
movimento, que apesar de baixa resolução exigia métodos
de conexão de alta capacidade, no fac-símile, as imagens
transmitidas tinham que ser de alta resolução feita
através de linhas telegráficas ou telefônicas
convencionais. |