10.6.1 - A VÁLVULA  MÚLTIPLA - UM CIRCUITO  INTEGRADO DE 1920
O conceito de se colocar dois ou mais eletrodos dentro de um bulbo de vidro vem da fabricação do AUDION, ou o triodo de filamento duplo, inventado por De Forest.
Ao longo dos anos foram desenvolvidos vários tipos de válvulas múltiplas ou integradas, tanto nos EUA como na Inglaterra, porém, foi na Alemanha que esta idéia foi consagrada.
Assim, em 1920, logo após a primeira guerra mundial, a Alemanha estava sob as restrições impostas pelo tratado de Versalhes. Sua difícil situação econômica forçou o governo em sobre taxar muitos produtos incluindo radiorreceptores.
A válvula Loewe  3 NF.
Os impostos eram determinados geralmente pelo número de válvulas que o aparelho possuía.
Conhecedor desta situação peculiar, o Dr. Sigmund Loewe, fundador e proprietário da companhia Loewe Radio AG, de Berlin, numa parceria de pesquisa com o Dr. Manfred Von Ardenne, pioneiro nas pesquisas sobre o
O receptor modelo  O. E. 333 mostrando o seu sistema de bobinas intercambiáveis.
tubo de raios catódicos, desenvolvem um dispositivo termiônico provido de vários elementos e, componentes dentro de um único bulbo de vidro, o qual pode ser considerado semelhante ao moderno circuito integrado.
Assim, em 1926, a companhia lança no mercado alemão a primeira válvula múltipla.
Três anos mais tarde, em 1929, desenvolve um rádio receptor cujo circuito operacional consistia apenas de uma única válvula múltipla.
Considerando-se a tecnologia e, os materiais disponíveis nos primeiros anos do século 20, a fabricação deste tipo de dispositivo termiônico não era uma tarefa fácil, exigindo uma técnica avançadíssima de sopragem de vidros além de grande perícia para a montagem dos elementos estruturais da válvula.
As válvulas múltiplas mais conhecidas fabricadas pela companhia "Loewe Radiam" foram os tipos: 3NF e 2HF.
Vista interna do receptor modelo O.E. 333 mostrando o soquete da válvula com 6 pinos.

O receptor modelo  O. E. 333 mostrando o seu sistema de bobinas intercambiáveis.
O tipo 3NF era usado para aplicações de topologias de circuito de baixa freqüência consistindo de uma base de baquelita com 6 pinos de contato, operando com tensão de 4V - 0,3 A, e 135V, respectivamente tensões de filamento e anodo. A válvula continha no seu bulbo de vidro três válvulas triodo conectadas em cascata, com os seus respectivos resistores de grade e anodo, alem dos capacitores de acoplamento. Para evitar a contaminação do vácuo no bulbo, os capacitores e resistores eram selados individualmente em pequenas cápsulas de vidro. Finalmente o sistema era montado em uma complexa estrutura metal-vidro sobre uma base especial .
Semelhante em tamanho e, usando a mesma configuração de 6 pinos, o tipo 2HF era usada para aplicações de alta freqüência. Por sua vez consistia de duas válvulas tetrodo arranjadas como dois estágios amplificadores de radio freqüência, operando em 4V - 0,17 A e, 15 V; respectivamente as tensões de filamento e anodo.
Por volta de 1930 a linha de produtos da companhia consistia em vários tipos de válvulas múltiplas para operação em corrente alternada dentre as quais se destaca o tipo WG36, fabricado em bulbo metálico. Devido ao seu conceito peculiar para época, este tipo de válvula era considerado como um inovador e tecnicamente factível dispositivo termiônico, cuja fabricação nunca fora tentada antes.
Através das suas avançadas pesquisas em topologias de circuito, materiais e, mesmo processos de fabricação, o Dr. Loewe deu inicio a um novo campo na Eletrônica pela miniaturização de componentes passivos como ativos e, portanto, desta maneira podendo ser considerado como o precursor do moderno circuito integrado.

A válvula múltipla com o
soquete de 6 pinos.
Os elementos internos da
válvula modelo 3 NF.
Radiografia da
válvula 3 NF
A válvula tipo 6N7 de origem americana. Um duplo triodo também considerado como uma válvula múltipla.
A válvula múltipla  3NF completa.